terça-feira, 16 de agosto de 2011

Um olho no defunto e outro...


(Em um daqueles dias que a gente tá pra pouca conversa, mas o taxista... nem tanto!)

Vc é jornalista?

Ah...
Veja só minha filha, as coincidências da vida.
Minha história dá uma novela. Daquelas boas.
Sou viúvo há quase um ano e estou apaixonado. Por uma viúva também.
No dia que estava no cemitério, me acabando de chorar pela morte de minha querida esposa, apareceu no velório ao lado, uma moça que também chorava a morte do marido. Ele morreu de acidente de moto, novo o rapaz...
Constrangedor, mas não deu para evitar. Lá mesmo ficamos olhando, olhando...
Para encurtar a história: a gente se ajudou naquele momento difícil.
Ela tava desempregada e eu arrumei um emprego na empresa de táxi que trabalho.
Tá tudo quase perfeito. O problema é que tem uma regra na empresa que a gente não pode namorar as atendentes. Aí a gente namora escondido.
Mas tô muito velho para namorar escondido. Engraçado é que o dono lá é cheio de ‘moralidade’ e pula uma cerca da peste. Eu sei de tudo. E ele sabe que eu sei.
Eita... pensei numa coisa agora: eu vou falar com meu chefe, do meu relacionamento.

Ele que demita a gente. Que aí eu tomo minhas providências.
Se ele se meter a besta, quem vai ser demitido é ele. De casa.

(Não contente:)
E vc, o que acha?
(Quebro o meu silêncio)
- Acho que tenho pena do seu chefe e dos defuntos

Nenhum comentário:

Postar um comentário